O vídeo abaixo mostra uma entrevista com o professor Marcos Lorieri, da PUC - São Paulo. Ele relata as mudanças ocorridas no currículo de formação de professores no Brasil, iniciando com as chamadas Escolas Normais e resultando nos atuais cursos de Pedagogia com habilitação docente para séries iniciais.
Inicialmente, no século XIX, os professores passavam pela formação docente nas denominadas Escolas Normais. Nessas instituições, os futuros professores estudavam conteúdos específicos para o ensino, desde o conteúdo a métodos de aulas. Entretanto, após o Golpe Militar, ocorre a reformulação de diretrizes da Educação, chamada de Lei de Diretrizes e Bases, que unifica o Ensino Médio e torna-o também profissionalizante. Além disso, as escolas normais são substituídas pela formação para Magistério, atrelada ao novo Ensino Médio como opção profissionalizante. Segundo Lorieri, a mudança foi desastrosa.
Daí então, com o fim das escolas normais, tudo virou uma mesma coisa, ensino médio com ensino do 2° grau e habilitações, e a formação dos professores para as séries iniciais foi dada como habilitação para o magistério, conhecida como HEN - Habilitação Específica para o Magistério. Com isso, tivemos imensa perda, pois a formação para os professores não existiu mais como antes.
A vantagem da escola normal na época era por estar completamente voltada a forma de aprendizados, e que habilidades tinham que exercer para isso. Também era ensinado os conteúdos específicos que deveriam ser transmitidos.
As dificuldades começaram a surgir. Qualquer pessoa formada em letras, história, ou outra disciplina, poderia lecionar em qualquer outra desde que passasse em um concurso, como os da rede pública, e desta forma poderiam ensinar tanto a alunos do ensino médio, como também a professores de turmas primárias. A rotatividade era imensa, pois aqueles que atingiam a pontuação necessária para lecionar no magistério saíam do ensino básico.Entretanto, este era um professor qualquer, que muitas vezes não havia recebido formação formal para transmitir aos futuros professores das séries primárias.
Com o passar do tempo, houve o projeto CEFAM (Centros de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério), que buscava revitalizar a essência das escolas normais no sistema vigente. O programa CEFAM atribuiu muitos benefícios, mas não foi duradouro. Foi uma experiência rica, pois muitos alunos não foram para o ensino primário antigo, e já foram para as universidades.
Neste período todo, após os anos de 1996, abrangeu-se então um requisito que dizia-se que os professores das turmas primárias tinham que ser formados nas universidades federais. Porém, limitava-se a licenciatura ou pedagogia, e eis então outra questão, pois era na verdade um programa, acoplado aos bacharelados antigos, que traziam uma formação muito rápida em didática, ensino e instruções metodológicas.
Os programas das licenciaturas, eram destinados a formação dos professores para o 5° ano em diante. De maneira mais grave, a Lei trouxe uma ambiguidade de interpretação, e hoje tem-se abertura para que habilitados em Magistério continuem lecionando, dependendo do processo de seleção das instituições de ensino. Formalmente, o curso de formação para professores das séries iniciais é o de Pedagogia, que também instrui outros profissionais envolvidos na educação que não são professores.
Atualmente, o debate em vigor ainda é: como formar um bom professor?
Para complementar o assunto, temos um mapa conceitual sobre a história da formação docente no Brasil, baseado no artigo de Demerval Saviani "História da Formação Docente no Brasil: três momentos decisivos" disponível aqui:
Para complementar o tema, fizemos a análise de mais dois vídeos:
Segundo Bernadete Gatti, temos que ter um bom
desenvolvimento, para assim aplicá-lo num ambiente escolar. As salas de aulas
são formadas por pessoas de várias etnias e crenças, e o lado pedagógico deve
proporcionar a confirmação dessa diversidade.
Na base do ensinamento, a identidade-professor não está conectada
a nós, de um certo modo amplo, pois isso é algo que se aprende após o
magistério, indo às turmas. Devemos ter noção de onde e para onde estamos indo.
Temos que absorver um conteúdo abrangente para saber lhe dar e acompanhar os
avanços. Temos que obter um perfil de profissional.
Em cada escola existe um módulo de profissionais. Por isso
devem-se fixar os professores e maximizá-los. Em determinadas situações, as diretrizes
gerais que começaram a surgir, tomaram posse de algumas das decisões, onde
deveria ter sido permitido que as instituições escolhessem os caminhos.
Existe uma precariedade dos insumos para o trabalho docente,
pois temos em nosso meio um vácuo incrível, em que para cada tipo de aula, seja
em biblioteca, sala de informática ou laboratório, é restrito e até medo vedado
o uso para não ocorrer danos a escola, primeiro pela falta de professores, e
segundo pelo excesso do trabalho em setores que não temos base.
Portanto, a entrada de insumo para o trabalho docente,
deveria ser dirigida pela política e com parcerias, para que soluções de formação
fossem alcançadas.
Cristina Silva e Milena Farias